Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Blog da Rua Nove

Blog da Rua Nove

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2011
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2010
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2009
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2008
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2007
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
27
Ago07

Macau, 1936 (XV)

blogdaruanove

 

   Sorria. Sorria ele, sorriam todos. Começou a ficar incomodado com aquela reciprocidade sorridente e continuada. Não era de muitos sorrisos. E eles sorriam, sorriam continuamente, sem saber sequer por que é que ele sorria... Pensavam eles que o estrangeiro já tinha notado a particularidade do mapa. Pensava ele que os japoneses estavam contentes com o negócio do netsuké. Mas não. Tinham parado de sorrir quando notaram que ele desviara o olhar do mapa.

   E então percebeu que deveria haver mais qualquer coisa. Olhou em volta. Não viu novas peças, nem sinais de que novas peças apareceriam. Olhou de novo para o mapa, pousado em cima da pequena mesa. Uma rosa-dos-ventos ao centro. Imediatamente acima, as ilhas dos feiticeiros. Mais a norte, Macau. A leste, as ilhas dos ladrões. Levantou o olhar para o antiquário. Ele sorria, ainda. Mas este era um sorriso diferente. De complacência. O estrangeiro ainda teria de aprender muito, afinal. Ele pareceu compreender aquele olhar. Um certo paternalismo complacente emanava daquela bonomia... Voltou a olhar para o mapa. À esquerda, uma outra ilha. Chang-chuen-chan. Sanchoão! Sim, Sanchoão! Fontes de água doce, pequenas povoações, salinas, e mais à esquerda, a norte, na costa, lá estava – a legenda que indicava o túmulo de S. Francisco Xavier.

   Sentiu-se ignorante. Recordara o seu mártir de estimação, a Legenda Aurea e os Flos Sanctorum ao ver os netsuké e agora nem sequer lhe ocorrera que S. Francisco Xavier andara por ali e ali falecera. Tinha ainda tanto sobre que reflectir, tanto que aprender...

   Deveria começar por habituar ainda mais o pensamento e o olhar a outras aproximações e outras culturas. (Talvez o fracasso do seu relacionamento com Boubouka traduzisse essa impreparação e essa inadaptação a diferentes maneiras de ser...) Ao contrário dos orientais, os ocidentais liam sempre da esquerda para a direita... Ignorara completamente o lado esquerdo do mapa. Também, a rosa-dos-ventos ali no centro não tinha ajudado...

   O japonês, conhecedor da cultura ocidental, sabia da importância que os jesuítas tinham para o imaginário católico e da importância particular que aquele santo tivera para a evangelização da Índia e do Japão... Ficara desanimado com a inesperada distração do estrangeiro.

 

 

© Blog da Rua Nove

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2011
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2010
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2009
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2008
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2007
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D