Viana
Photo © SGandara
Viana é a humidade das noites no Cabedelo e as neblinas matinais de um dia de Agosto. Os amigos à beira-rio, no Barco do Porto. A alegria dos sorrisos. O farol de Montedor e as lagunas lá em baixo, entre os rochedos, na praia. O sargaço de Carreço e as sombras de Cabanas. A ausência do poeta. As lavradeiras constantemente bailando nos nossos olhos. O velho médico janota descendo a avenida até ao rio. A brancura anacrónica do seu fato e do seu chapéu. A virilidade do seu passado preservada na bengala, hirta. A ideia infantil de uma fuga. A picada de uma vespa no caminho da Abelheira. As misteriosas ruínas de S. Francisco. O elevador que nos leva até ao monte. Mimosas adornadas por gotas da chuva. Um caleidoscópio de imagens. O futuro visto do zimbório de Santa Luzia. O presente registado numa photomaton surrealista. (Árvores e muros, o templo e o estuário - o pano de fundo e a cabina. A máquina, um autómato de cinco pernas. A cabeça, uma lente. O cabelo, um pano negro.) O passado cristalizado num minuto.
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