Correia Dias & C.ª
Correia Dias, projecto com decoração Marajoara para a piscina da residência de Guilherme Guinle, 1930.
Durante o último quartel do século XIX, dois caricaturistas e ilustradores portugueses disfrutaram de grande sucesso no Brasil - Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Julião Machado (1863-1930).
Bordalo Pinheiro viveu e trabalhou no país entre 1875 e 1879, tendo colaborado em O Mosquito, que dirigiu a partir de 1876, e fundado Psit!!! e O Besouro. Julião Machado chegou ao Brasil em 1894, depois de uma estadia em França. Entre outras publicações, colaborou com o Jornal do Brasil e Gazeta de Notícias, tendo-se tornado num dos mais influentes ilustradores na viragem do século.
Artigo sobre Correia Dias, e a sua cerâmica de inspiração Marajoara, publicado na revista O Cruzeiro, 1930.
Um outro português, Fernando Correia Dias de Araújo (1892-1935*) chegou ao Brasil em 1914 e de imediato viu o seu talento reconhecido. Havendo criado o ex-libris do poeta Olegário Mariano (1889-1958), ilustrou o livro Últimas Cigarras, do mesmo autor, logo em 1915.
Na década seguinte a sua actividade estendeu-se ainda à produção de cerâmica com motivos que recuperavam a tradição artesanal das populações nativas, nomeadamente a tradição da ilha de Marajó. Esta cerâmica veio a ser produzida industrialmente a partir de 1928, na Companhia Cerâmica Brasileira. Correia Dias dedicou-se também a notáveis projectos de design aplicados à arquitectura.
Marido da aclamada poetisa Cecília Meireles (1901-1964), que tinha desposado em 1922, Correia Dias suicidou-se em 1935.
Vinheta de Correia Dias, com motivo de tucanos (década de 1920).
(Note-se o efeito óptico que também sugere a cabeça de um bovino.)
(* Não se verifica consenso quanto à sua data de nascimento. José-Augusto França refere 1892, Paulo Herkenhoff, 1893, e José E. Mindlin, 1896. Optou-se pela data mais recuada. Como se constata pelo comentário de Alexandre Carlos Teixeira, neto de Correia Dias, confirma-se 1892 como ano do seu nascimento.)
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