Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Blog da Rua Nove

Blog da Rua Nove

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2011
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2010
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2009
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2008
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2007
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
12
Dez07

Autógrafos - Papiniano Carlos

blogdaruanove

 

Papiniano Carlos (n. 1918), Terra com Sede (1946; 2.ª edição, 1969).

Capa reproduzindo um detalhe de um óleo de Armando Alves (n. 1935).

 

 

Papiniano Carlos (n. 1918).

 

   Tendo publicado Esboço - Poemas em 1942, a que se seguiu o volume Estrada Nova - Caderno de Poemas (1946), Papiniano Carlos teve o seu nome associado desde início a uma vertente poética e chegou a  ser responsável pela secção de crítica e poesia da revista Vértice.

   Publicou posteriormente vários contos e conjugou a prosa com a poesia no volume As Florestas e os Ventos - Contos e Poemas (1952).

   Foi, contudo, na literatura infantil que atingiu o seu maior êxito, com A Menina Gotinha de Água (1962), um livro que tem tido inúmeras reedições desde então.

   Do conto Aldeia Longínqua, publicado em Terra com Sede, transcrevem-se três parágrafos:

 

   "É no abraço espantoso de montanhas bravias que fica aquele buraco. E no fundo a aldeia. Assim, Bustelo é mesmo uma aldeia do fim do mundo.

   E o que a distancia verdadeiramente no cabo do mundo é o isolamento que a tolhe ali entre montanhas bravias e um céu inexoràvelmente baixo – a que os homens chegam erguendo súplicas de braços e de mãos. Solte um berro qualquer boca e logo tornará devolvido por aquela natureza hostil. O horizonte fecha-se em volta – ali é mesmo o cabo do mundo. E uma vida sempre igual e primitiva, bárbara e vazia, que viera do fundo dos tempos como os fraguedos que coroam as montanhas derredor e a tristeza infinita daquele céu excessivamente baixo. Às vezes bandos de pombos bravos riscam aquele céu - e deixam no ar um mensagem insolúvel. E os olhares parados voltam-se de novo para o chão e o pasmo continua.

   No Inverno, as noites cobrem a aldeia com uma negra manta de farrapos, cheia de rasgões, por onde entram as guiarras inclementes e vêm espreitar as estrelas que guiam o destino das gentes. E todo o povoado tirita, enquanto os lobos, ao longe, nas cumieiras, uivam dolorosamente chamando-se uns aos outros pelos seus nomes – que é de estarrecer animais e gentes. E as noites de Inverno são em Bustelo extremamente longas, com os balidos gementes do gado medroso, nas cortes, e os amplexos fecundos com que os homens tornam a encher os ventres das mulheres ao fim de cada parto."

 

A Menina Gotinha de Água (1962; 3.ª edição, 1987).

Ilustrações de João Nunes (n. 1951).

 

© Blog da Rua Nove

1 comentário

Comentar post

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2011
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2010
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2009
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2008
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2007
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D