Aspectos do Vidro em Portugal no Século XX
Prato de sobremesa em vidro prensado, fabricado na Marinha Grande. Início do século XX. Peça ilustrada no catálogo da Companhia da Nacional e Nova Fábrica de Vidros da Marinha Grande.
Duas outras técnicas de produção utilizadas com frequência na Marinha Grande, e nas fábricas portuguesas em geral, durante o século XX, foram o vidro prensado e o vidro moldado.
O vidro prensado já tinha sido produzido em grande quantidade no século XIX, não apenas em peças de vidro branco transparente mas também em vidro de várias outras cores, essencialmente em pratos e taças. A decoração encontrava-se num molde em relevo que produzia o fundo do prato ou taça e recebia a pasta de vidro. De seguida, uma prensa espalhava a pasta por esse molde inferior e criava uma superfície lisa no topo ou no interior dessa mesma peça. As peças produzidas através desta técnica apresentam muitas vezes pequenos vestígios de excesso de pasta no rebordo.
Jarra em vidro branco e ametista, transparente, e vidro branco leitoso, opaco, produzida provavelmente na Marinha Grande. Meados do século XX. Esta peça foi executada num molde de quatro secções, onde recebeu a sua decoração floral em relevo, e posteriormente trabalhada livremente, a quente, no seu rebordo.
O vidro moldado, ao dispensar uma segunda peça para prensar a pasta, visto que esta se expande através do ar quente no interior do molde, veio permitir a produção de inúmeros formatos inovadores.
Tais formatos, impossíveis de reproduzir industrialmente com total exactidão em sopro e manuseamento livre, quando conjugados com um tratamento químico do vidro que lhe dava um tom alaranjado e irisado, popularmente conhecido como "casca de cebola", vieram constituir uma das imagens de marca do vidro português entre as décadas de 1920 e 1950, décadas que corresponderam ao período Art Déco na indústria vidreira portuguesa.
Pequena cesta em vidro verde transparente e vidro branco leitoso, opaco, com a marca "CIP" (Companhia Industrial Portuguesa), fabricada na Marinha Grande. Meados do século XX. Esta peça apresenta a parte inferior e a asa em vidro prensado, que depois foi manipulado a quente para receber as curvaturas e unir as duas partes.
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