Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Blog da Rua Nove

Blog da Rua Nove

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2011
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2010
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2009
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2008
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2007
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
04
Fev08

Macau, 1937 (I)

blogdaruanove

 

   "Logo à entrada ouve-se o canto do grilo...". Confúcio. Ocorreram-lhe estas palavras de uma canção de ano novo quando caminhava entre a multidão. Nan-ning!, Nan-ning!, diziam as pessoas, alvoroçadamente, nas ruas. Nan-ning!, Nan-ning!, diriam, certamente, centenas, milhares, milhões de pessoas, em Macau e na China, à chegada do novo ano.

   Uma miríade de pequenos papéis, ondulando na brisa da manhã, transformava os desenhos dos búfalos num filme de Walt Disney, anunciando o novo ano. Manadas de búfalos, isolados e silenciosos, moviam-se desordenadamente entre as pontas retorcidas dos quadradinhos de papel, que mostravam o outro lado sempre que a aragem soprava com mais força. Desenhos esbatidos de búfalos, páginas onde os traços mal se viam, páginas quase em branco. Um memorando para as subtilezas e adversidades que poderiam surgir ao longo do ano.

   Aquele dia surpreendia-o. Sabia de antemão que era o mais sagrado dos dias para os chineses, mas nunca esperara assistir a tamanha mudança, em Macau. As portas das lojas, que pareciam eternamente abertas, encontravam-se agora todas encerradas. As pessoas, que já se acotovelavam frequentemente durante os outros dias, pareciam agora constituir um vasto campo de arroz, de hastes unas e flexíveis, ondulando ao vento. Não parecia haver espaço entre elas, ocupando as principais ruas da cidade velha. Todos os rostos sorriam, como se nunca tivessem tido outras expressões.

   Entre a cortina ondulante de rostos e sorrisos, entre a multidão, vislumbrou um rosto mais sorridente que os outros. Lembrava uma lua cheia de Janeiro, brilhando mais que a mais brilhante das estrelas. Uma lua cheia adornada de sedosas faixas de um negro inacreditável. Uma lua aromática, de cheiros inebriantes. Uma combinação quase impossível. Sândalo, jasmim, laranjeira. O seu luar perfumado encurtava distâncias, sobrepondo-se a todos os outros aromas, fazendo-o esquecer tudo o resto.

   Era Liang, que caminhava de rosto levantado, olhando para ele e sorrindo. Sorrindo sempre.

  

Brinco de Leão (Seng Si ou Mou Si). Macau, cerca de 1937.

 

 

(Continua em http://ilusoesurbanas.blogs.sapo.pt/9136.html)

 

 

© Blog da Rua Nove

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2012
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2011
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2010
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2009
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2008
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2007
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D