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Jan08

Aspectos do Vidro em Portugal no Século XX

blogdaruanove

  

Pequena jarra em vidro azul transparente com o exterior tratado quimicamente (flashed glass, em Inglês) de modo a obter o efeito alaranjado e irisado popularmente conhecido como "casca de cebola". Peça provavelmente produzida na Marinha Grande. Meados do século XX.

 

   A produção de vidro moldado permitiu obter, em meados do século XX, um conjunto enorme e heterogéneo de formatos nas peças de vidro decorativo, particularmente nas jarras, formatos esses que se tornaram na imagem de marca do vidro português durante o período Art Déco da indústria vidreira nacional, o qual se iniciou na década de 20  e se estendeu até à década de 50.

   Obedecendo ao princípio conservador e  revivalista da representação portuguesa na Exposição de Sevilha de 1929 (Portugal optara por uma presença faustosa na exposição de Sevilha, em detrimento de Barcelona), a decoração a esmalte dos copos que Raul Lino (1879-1974) desenhou para esse certame focava os símbolos tradicionais de Portugal, incluindo a Cruz de Cristo. Esses copos de pequenas dimensões, em vidro soprado livremente, apresentam um formato que remete para a herança de épocas anteriores, evocando a famosa medida de um dedal (thimble glasses, em Inglês) de tradição britânica.

   Mas já no fim dessa década, o vidro soprado livremente cedeu perante o uso crescente e generalizado dos moldes, a que se veio juntar uma aplicação mais frequente e consistente de uma emulsão química no exterior das peças, de modo a obter o efeito alaranjado e irisado popularmente conhecido como "casca de cebola". Esta técnica (que originou o vidro conhecido em Inglês como carnival glass), embora já viesse do séc. XIX e tivesse sido anteriormente usada em Portugal, atingiu efectivamente o auge de produção neste período.

 

  

À esquerda, pequena jarra em vidro branco transparente decorada a esmalte, com o carimbo circular, impresso a tinta branca na base,  "Czeskoslovakia". Checoslováquia, segundo quartel do século XX. À direita, pequena jarra em vidro branco transparente com o exterior tratado quimicamente (flashed glass, em Inglês) de modo a obter o efeito alaranjado e irisado popularmente conhecido como "casca de cebola". Esta jarra foi posteriormente submetida a um tratamento a jacto de areia para obter o efeito mate que serve de fundo às flores estilizadas. Finalmente, foi ainda decorada a esmalte. Peça provavelmente produzida na Marinha Grande. Meados do século XX.

 

   Embora a reprodução de vidro em moldes permitisse a existência de peças que se podiam afirmar exclusivamente pelas suas formas e valor escultórico, verificou-se que a produção de peças sem qualquer outra decoração que não fosse a "casca de cebola" foi relativamente limitada.

   Encontram-se, de facto, peças que apresentam apenas esta decoração sobre o vidro branco transparente, ou mesmo sobre vidro colorido transparente, como o azul, procurando conceder ênfase à forma, mas a verdade é que a produção acabou por sucumbir ao eventual conservadorismo do gosto vitoriano pelas florinhas e à tradição da Boémia (nesta altura, já Checoslováquia) de pintura a esmalte.

 

Jarra em vidro branco transparente com o exterior tratado quimicamente (flashed glass, em Inglês) de modo a obter o efeito alaranjado e irisado popularmente conhecido como "casca de cebola". Esta jarra foi posteriormente decorada a esmalte. Peça provavelmente produzida na Marinha Grande. Meados do século XX.

 

 Contudo, a reprodução mais ou menos fidedigna e realista de flores e vegetação veio a coexistir com uma decoração de flores e vegetação mais estilizadas, em que flores e folhas assumem maiores dimensões relativamente à superfície total da peça. Esta representação floral passou assim a acompanhar a tendência Art Déco do formato das peças.

   Esta maior volumetria da decoração vegetal permitiu, assim, produzir peças em que a harmonia e elegância dependiam essencialmente do formato da peça e do complemento, ou do contraste, que o tratamento a jacto de areia, com o seu aspecto mate, ou a gravação à roda, com os seus sulcos, vinham trazer ao vidro. 

 

Jarra em vidro branco transparente com o exterior tratado quimicamente (flashed glass, em Inglês) de modo a obter o efeito alaranjado e irisado popularmente conhecido como "casca de cebola". Esta jarra foi posteriormente submetida a um tratamento a jacto de areia, para obter o efeito mate que serve de fundo às flores estilizadas, e gravada à roda para conseguir os cortes de efeito decorativo sobre esse fundo mate. Peça provavelmente produzida na Marinha Grande. Meados do século XX.

 

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