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03
Set07

Literatura Colonial Portuguesa

blogdaruanove

 

Alexandre Cabral (pseudónimo de José dos Santos Cabral, 1917-1996), Histórias do Zaire (1956).

   Notável estudioso e especialista da obra camiliana, Alexandre Cabral publicou o imprescindível Dicionário de Camilo Castelo Branco (Editorial Caminho, 1988), entre dezenas de estudos, ensaios e obras de ficção. (No início da sua carreira, alguns dos seus trabalhos surgiram também sob o pseudónimo Z. Larbak.)

   Alexandre Cabral produziu três interessantes volumes de ficção que reflectem a sua estadia em África – Contos da Europa e da África (1947), Terra Quente (1953) e Histórias do Zaire. Este último, publicado novamente em 1982 (Livros Horizonte), é um volume característico da sua obra ligada a África – uma vivência centrada no antigo território do Congo  (particularmente nas antigas colónias da Bélgica e de França banhadas pelo rio Congo, ou Zaire) e um ponto de vista narrativo dedicado não apenas aos emigrantes portugueses mas também às populações naturais da região. O protagonismo destas constitui, aliás, o núcleo do livro. 'Daba-Goma', 'Kandot era o "boy" do Sr. Hiebler' e 'A "fula" Lubamba desapareceu' são narrativas que evidenciam ser a literatura colonial deste autor uma literatura que retrata a realidade, a magia e o inesperado das colónias africanas sem todavia ser, necessariamente, uma literatura apologista do colonialismo.

   Embora por razões diversas, note-se que a violência e a tensão que pontuam o conto inicial, 'Gonçalves morreu numa noite de tempestade', surgem quase como premonição dos conflitos coloniais que irromperam em África nos anos subsequentes. Por esse facto, é surpreendente, mesmo, que este volume não tenha sido apreendido ou censurado pelo regime.

   O único conto dedicado exclusivamente à presença portuguesa em África é a narrativa que encerra o volume – O "cacholas". Uma viagem de navio entre Angola e Portugal serve de pretexto para falar da vida a bordo, da diferença de classes, de viajantes clandestinos e de um tripulante cabo-verdiano, que acaba por falecer devido à indiferença dos serviços médicos de bordo. Um belíssimo conto que nos recorda a força dos contos de J. R. Miguéis (1901-1980) de temática semelhante, como 'Gente da Terceira Classe' e 'O Viajante Clandestino' (Gente da Terceira Classe, 1962).

   A escrita de Alexandre Cabral, desenvolta e atraente, e o inusitado da ficção de muitos dos seus contos e novelas alertam-nos para a necessidade de redescobrir vários autores do século XX que têm vindo a cair no esquecimento.

  

 

Ilustração de Rogério Ribeiro (n. 1930)

 

© Blog da Rua Nove

12
Jun07

João da Silva

blogdaruanove

João da Silva, "Passarinhos vinde em bando a ver anjinho tão lindo." (1949).

Medalhão em prata, de Anjo da Guarda, para berço.

 

João da Silva (1880-1960)

   Escultor marcante da primeira metade do século XX, tem sido votado ao esquecimento nas últimas décadas. Em parte devido à sua opção pelos mais diversos meios de expressão artística na escultura, alguns estigmatizados por pertencerem às chamadas artes decorativas, em parte pelas complicações legais que afectaram o seu legado artístico e a criação da sua Casa-Museu (http://pt.wikipedia.org/wiki/Casa_Museu_Jo%C3%A3o_da_Silva). Exerceu também a sua arte na medalhística, na numismática (são da sua autoria as famosas moedas de prata Caravela, que circularam entre as décadas de 1930 e 1960) e na joalharia (veja-se a soberba jóia reproduzida abaixo), tendo desenhado ainda várias peças especificamente para a produção cerâmica, em particular para as fábricas da Vista Alegre e do Candal, em Portugal, e da Rosenthal, na Alemanha.

   Evocando João da Silva, escreveu José Rodrigues Miguéis (1901-1980) na sua obra, publicada postumamente, Aforismos e Desaforismos de Aparício (1996):

 

   "13 de Dezembro de 1977

   Creio que foi pela minha mão, em 1930, que a primeira imagem da Senhora de Fátima deu entrada em Portugal. Ao regressar da Bélgica, e do meu primeiro ano como bolseiro da Junta de Educação Nacional, detive-me em Paris de visita (demorada) aos nossos amigos expatriados (Proença, Sérgio, Cortesão e tantos outros). Foi então que o escultor João da Silva, destemido antifascista e livre-pensador, além de cunhado de António Sérgio, me pediu que trouxesse para aqui um medalhão de gesso do tamanho de uma roda de carroça com a imagem da milagrosa, que de cá lhe fora encomendada. Aceitei gostosamente o encargo do amigo, do artista e do correlegionário. Ao chegar a Irun, os carabineros puseram-me o problema da entrada em Espanha de uma obra de arte estrangeira, e exigiram-me o pagamento já não sei de que taxas aduaneiras. Protestei, naturalmente, e eles chamaram o capitão do posto para arbitrar o caso. Como ele tomasse o partido dos subordinados – obra de arte, havia que esportelar! – eu argumentei no meu melhor castelhano que aquela Benta Imagem de Senhora de Fátima (ou não sabia ele do Milagre?) era um artigo religioso da minha fé e meu uso pessoal, e que, todas as noites, eu não podia adormecer sem lhe ter rezado fervorosamente e de joelhos. "Ah!", disse então o militar, "se é um objecto pessoal de fé religiosa, então não está sujeito a imposto aduaneiro! Pode passar!" Fez-me uma continência respeitosa, imitado pelos subordinados, e eu, tendo correspondido, agarrei na gigantesca roda de gesso, e fui tomar lugar na carruagem."

 

João da Silva, Perseu e Andrómeda. Alfinete de peito em ouro, com esmeraldas, diamantes e uma pérola. Jóia leiloada pela casa Christie's, Genebra, em 1986.

 

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01
Jun07

Evocando Colette

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Capa de Paulo-Guilherme (n. 1932), para a tradução portuguesa

(1959) de La Chatte (1933).

 

   Evocando Colette (1873-1954), anotou José Rodrigues Miguéis (1901-1980) no seu livro Aforismos & Desaforismos de Aparício (edição póstuma, 1996):

   "17 de Agosto de 1970

   Na sua primeira viagem (maiden voyage) a Nova Iorque em 1935, o grande transatlântico Normandie levou a bordo, como elemento de propaganda, a escritora Colette. Na segunda viagem, em Julho do mesmo ano, viajava na primeira classe o ilustre Pirandello [1867-1936], que – segundo o americano Samuel Putnam [1892-1950], em Paris Was Our Mistress – foi ali em serviço de propaganda de Mussolini. (Mas acabou ficando.) E na classe turista, por não haver outra mais barata, seguia o autor destas linhas, o mais anónimo dos plumitivos: em missão pessoal-desconhecida."

 

Fotografia de Colette dedicada a António Ferro (1895-1956) publicada na obra Colette, Colette Willy, Colette (1921), de Ferro.

 

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31
Mai07

R. M. S. Aquitania

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Cartaz de Kenneth D. Shoesmith (1890-1939) representando

o R.M.S. Aquitania a entrar no porto de Nova Iorque

 

   O navio Aquitania era, na década de 1920, o navio principal da companhia Cunard Line e foi o último dos paquetes com quatro chaminés. José Rodrigues Miguéis (1901-1980), menciona-o brevemente no espaço ficcional, situado em 1935, do conto Gente da Terceira Classe (do livro homónimo publicado em 1962). Recorda-nos assim que, apesar de todo o seu glamour, este navio também possuía terceira classe e era utilizado para transportar emigrantes nas viagens entre a Europa e os Estados Unidos:

   " Vou encontrar a maioria destes compatriotas em Southampton, espalhados por hospedarias manhosas, à conta das empresas de navegação ou dos agentes de viagens. Todos eles com bandeirinhas na lapela ou no peito da blusa, para se não tresmalharem nem confundirem, como cabeças de gado com o "ferro" do dono. Aflitos, à procura do Aquitanha, diz uma, ou do Manhatão, diz a madeirense."

   As suas características quatro chaminés permitiram à tripulação estabelecer um método peculiar de classificar o nevoeiro, contando o número de chaminés visíveis a partir da ponte de comando – nevoeiro de quatro chaminés, de três chaminés... Quando o número de chaminés visíveis era inferior a três, todos passavam a confiar na sorte para que a navegação decorresse sem incidentes.

   O Aquitania, um navio de 45.000 toneladas, constituía o orgulho da Cunard Line na década de 1920, juntamente com o Mauretania (32.000 tons.) e o Berengaria (52.000 tons.). Depois de servir para transporte de tropas durante a II Grande Guerra,  foi retirado do serviço em 1950, ultrapassando em vários anos o tempo de serviço do Berengaria e do Mauretania, retirados em meados da década de 1930.

 

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