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Jul07

Autógrafos - Lídia Jorge

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Lídia Jorge (n. 1946), Marido e Outros Contos (1997).

 

 

Lídia Jorge (n. 1946)

   Tendo começado a sua carreira literária com dois romances que globalmente contam já com  mais de uma dezena de edições, O Dia dos Prodígios (1980) e O Cais das Merendas (1982), Lídia Jorge teve a sua imagem de ficcionista inicialmente ligada às temáticas e questões relacionadas com a presença portuguesa em África, as quais de certo modo reflectem a sua estadia em Angola e Moçambique, nos anos 70.

   Diversificadas as suas temáticas na produção mais recente, que aborda a sociedade portuguesa pós-colonial e questões relacionadas com a condição feminina, tem a autora vindo a confirmar um percurso que a crítica apontava desde início como sendo dos mais promissores e importantes na literatura portuguesa contemporânea.

   O seu livro mais vendido, Notícia da Cidade Silvestre (1984), já ultrapassou a dezena de edições. A sua obra encontra-se traduzida em várias línguas, particularmente em Alemão e Francês.

   De Marido e Outros Contos transcrevem-se dois parágrafos do conto A Instrumentalina, originalmente publicado em 1992:

 

   "Nunca se sabe o que uma viagem pode trazer ao íntimo do coração. Como se o tempo de repente dum outro modo fluísse, ou mesmo a qualidade da sua hora mudasse, e uma coisa perdida aparecesse, uma dúvida se quebra, um amor acaba, e outro que nunca se tinha imaginado, de repente, nasce. Objectos que sempre tivemos por separados atam as pontas, imagens que bóiam nas nossas vidas sem ligação juntam-se e criam uma nova sequência com sentido. Outras vezes a clarividência da distância torna-se tão luminosa que se vê o fim do fim, e deseja-se regressar, ainda que não seja a lugar nenhum. Foi por altura duma deslocação que por acaso se havia transformado numa viagem. Então, subitamente, aquela cidade estendida e empinada à beira do Lago Ontário, para onde o destino de ocasião me havia levado, ainda tinha palhetas de gelo, e trouxe-me de volta, provinda de muito longe, a Instrumentalina." 

   (...)

    "O bar do Royal York Hotel, alimentado às sextas-feiras por bêbados distintos caindo sobre as mesas muito antes da meia-noite, revestido de papel escuro como musgo, lembrava o fundo dum tanque vazado e aquecido, mas não era suficientemente opaco para não deixar que a Instrumentalina deslizasse sobre a estrada dum outro território. Tinha-me sentado a uma das suas mesas. A porta de vidro permitia que dali, de onde me encontrava, pudesse ver quem saía e quem entrava, sobretudo quem deixava o chapéu e a gabardina no bengaleiro. A bicicleta longínqua aparecia de perfil, mostrava o brilho do seus raios girando ao sol, e uma outra luminosidade da Terra aparecia. Havia sido quando? O meu tio tinha-me feito adeus, e depois o comboio antigo, como um canhão de Austerlitz, atroara na madrugada e levara-o cada vez mais de perfil, de braço levantado, para trás das árvores, por entre as quais a fila de carruagens se sumia."

 

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