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Abr07

Adelina Abranches

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Caricatura de Pedro Cid, O Vira, n.º 1, 1 de Março de 1906.

 

   Adelina Abranches (1866-1945) estreou-se como actriz logo em 1871, no teatro D. Maria. Celebrizou-se como intérprete de papéis masculinos e de peças vicentinas, tendo alcançado uma posição notável entre os actores do seu tempo. Já no fim da sua carreira foi distinguida com o colar da Ordem de Santiago.

   Sobre ela, e o seu desempenho na peça Ressurreição, escreveu o crítico teatral Braz Burity (Joaquim Madureira), no seu livro Impressões do Teatro: 1903-1904 (1905): 

 

   "Adelina Abranches – uma organisação de artista inculta e espontanea num corpo rachytico e minusculo de boneca – com largo cadastro de dramalhões no Principe Real a zigzaguiarem-lhe, em borrões de plebeismo e faulhas de talento, a curva ascensional da sua carreira artistica, é a mais modelar vocação dramática que as plateias populares teem entorpecido, e, tendo vincado na Arte radiosa e pujante das Privilegiadas, o papel de Yanetta, no Robe Rouge, e a sahida do commissariado na Rosa Engeitada, é hoje, entre a gente nova da troupe de S. Luiz a mais baixa das mulheres e a mais alta das artistas, a de menores classificações nos canhenhos da claque e a de maiores recursos na simplicidade dos processos. Tem uma individualidade e impõe-na, ao lado das que têem figurinos e os decalcam."

 

  

Adelina Abranches no último acto da revista À Procura do Badalo

Note-se a indumentária de influência Arte Nova, celebrizada pela actriz francesa Sarah Bernhardt (1844-1923) e pelo ilustrador checo Alphonse Mucha (1860-1939).

 

   "Com uma voz destestavel e uma figura liliputiana, sem educação artistica de conservatorios e de viagens á Estranja, aguentou e defendeu o seu papel da Resurreição, complexo e cheio de gradações, tendo sido, á força do talento, ingenua e lilial [?] na Katucha , sordida e bestial, á custa de originalidade e de estudo, na Maslowa, nuançando scena a scena, phrase a phrase, gesto a gesto, toda a evolução daquella alma de mulher: da castidade infantil á luxuria do alcouce; da inconsciencia da prisioneira ao renascer pelo amor, na enfermaria; e, á resurreição, pelo sacrificio, na Siberia."

[Como é óbvio, a transcrição respeitou a grafia original.]

 

Adelina Abranches contracenando com sua filha, Aura Abranches (1896-1962),

na peça Duas Vidas, que Charles Oulmont escreveu propositadamente para a actriz.

 

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23
Abr07

Semanário Humorístico O Vira

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Caricatura de Pedro Cid, O Vira, n.º 1, 1 de Março de 1906.

Na mesa censória, o juiz conselheiro Francisco Veiga (datas desconhecidas).

 

   O semanário humorístico O Vira foi uma publicação efémera, de que se conhecem apenas cinco números, e que não se encontra sequer catalogada na Biblioteca Nacional de Lisboa.

    Nas suas Memórias (1947), a actriz Adelina Abranches (1866-1945) recorda a  génese deste semanário:

   "Morava eu na rua de S. Bento, numa ampla casa, razoàvelmente arranjada. Ali se reunia, aos sábados de tarde, interessante grupos de amigos meus e do Aníbal. E, quando eu não tinha espectáculos, essas reuniões eram às nove da noite. Apareciam sempre novos convivas, trazidos por este ou aquele. Ali eu conheci Maria da Cunha, bela poetisa e excelente conversadora, que mais tarde me apresentou Cacilda de Castro, outra poetisa também muito curiosa, alma sensível, coração complicado... Muitas vezes aconteceu juntarem-se na mesma noite: Pad-Zé [Alberto Costa], Vicente Arnoso, Afonso Lopes Vieira, Pedro Santar, Aníbal Soares e Carlos Amaro. Mas os fixes [sic] eram: o Vicente, Cacilda de Castro e o Pad-Zé.

   Eu mandava sempre fazer umas petisqueiras (reuniões sem comidas não tem [sic] graça nenhuma...) que eram recebidas... e comidas com geral agrado. Raramente íamos para a sala de jantar, como tinha um grande salão, bem aquecido e com óptimos sofás, as comezainas apareciam em taboleiros [sic] e todos nós nos servíamos à vontade, sentando-nos onde calhava...

   Foi nesse salão que nasceu a ideia de se criar um jornal humorístico, dirigido por Aníbal Soares e Pad-Zé... jornal que apareceu mais tarde com o nome de: O Vira. Aníbal contava em absoluto com o sadio humorismo do Pad-Zé e o talento dum caricaturista que aparecia: Pedro Cid, se a memória não me falha... Ainda me lembro das discussões que se travaram certa noite, por causa de uma página que devia apresentar a escala do riso... O Pad-Zé entendia que as caras risonhas que o Pedro Cid apresentasse, deviam ser todas de políticos em foco; o caricaturista, porém, argumentava, a fim de fazer prevalecer a sua opinião, que lhe era muito mais fácil fantasiar, do que ficar escravizado aos rostos nada risonhos de um Híntze, ou de um José Luciano... E é que levou a sua por diante! O riso em A era flagrantemente apresentado por um rubicundo Zé Povinho; em E, por uma simpática velhota; em I, por uma quesilenta [sic] e esquifosa menina de narizito arrebitado; em O, por um gorducho general e em U, por um preto. A página ficou engraçada e muito sugestiva; mas o Pad-Zé continuava a garantir que a coisa teria despertado muito mais interesse, se o público visse o Híntze Ribeiro a rir em I, e  Zé de Alpoim a rir em U.

   Pedro Cid não aqueceu o lugar no jornal. Pouco depois as caricaturas do Vira eram assinadas por Alfredo Cândido. Mais tarde foi o Aníbal que saíu da direcção, embora continuasse a colaborar no jornal, que não foi longe, apesar dos valores que o amparavam..."

 

Caricatura de Pedro Cid, O Vira, n.º 2, 8 de Março de 1906.

 

   Na mesma obra, Adelina Abranches descreve Alberto Costa, também redactor do jornal O Mundo - "Muito feio, muito miope, com uma enorme e bonita dentuça, avançada como a de um canibal, o bigodinho ralo a bordar-lhe a boca, francamente rasgada, a todos conquistava pela sua graça originalíssima e inalterável bom humor. Esta jóia de rapaz, que em Coimbra chegou a viver num quarto completamente vazio, com os móveis todos desenhados nas paredes, cultivava as suas amizades, como os amadores de floricultura cultivam as suas rosas, persistentemente, amorosamente...", acrescentando que este se suicidara algum tempo mais tarde. Refere ainda o (segundo expressão da mesma) talassíssimo Aníbal Soares (1882-1925), com quem a actriz então vivia, como um entusiasta defensor da ditadura de João Franco (1855-1929), instalada a 19 de Maio de 1906, numa altura em que o jornal já teria encerrado.

   A caricatura de primeira página do número 4, de 22 de Março, é ainda assinada por Pedro Cid, embora todas as outras, incluindo a dupla página central e a última página, sejam já de Alfredo Cândido (1879-1960). Este número ainda anuncia Cid e Cândido como caricaturistas, no cabeçalho, mas duas notas interiores, separadas, noticiam que Cid deixaria de colaborar no jornal a partir daquele número e que Alfredo Cândido assumiria o cargo de caricaturista.

   O cabeçalho do último número conhecido (5), de 29 de Março, apresenta ainda Aníbal Soares e Alberto Costa como directores e Alfredo Cândido como único caricaturista.

 

Caricatura de Alfredo Cândido, O Vira, n.º 4, 22 de Março de 1906: " - É desenganar: ainda não ha [sic] nada que chegue á [sic] Yvette!..." [Uma instituição que já havia sido retratada por Eça de Queirós (1845-1900) em Os Maias (1888), as espanholas, a metáfora do papel de parede azul e branco, e um charuto que sugere uma figura intocável da monarquia portuguesa...]

  

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