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05
Dez07

Autógrafos - Afonso de Melo

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Afonso de Melo (n. 1964), Não Morrerei em Buenos Aires (2006).

 

 

Afonso de Melo (n. 1964).

 

   Não Morrerei em Buenos Aires. Um registo poético surpreendente para um autor que tinha o seu nome essencialmente associado a textos sobre desporto, em geral, e o futebol, em particular. Quase cem anos depois, surgem ecos do futurismo e do modernismo num livro que apresenta alguns poemas notáveis.

   Afonso de Melo, contudo, produziu outros textos de poesia e ficção, para além dos seus textos sobre desporto – Uma Sombra Laranja-Tigre: Em Forma de Panchatantra (romance, 2005), Tantas Mãos, a Mesma Primavera (poesia, 2005) e A-Princesa-que-Tinha-uma-Luz-por-Dentro (2005).

   De Não Morrerei em Buenos Aires, transcreve-se um trecho do poema A Balada do Transiberiano Cantada por uma Voz sem Dono:

 

"(...)

Em Perm,

mil quatrocentos e trinta e três quilómetros depois de

                                                                                        [Komsomolskaia,

fatos-macaco cinzento apáticos secam o suor nos cabides dos

                                                                                         [ombros,

homens azul-ganga aéreos na passagem dos peões,

fotocópias descoloridas de personagens ambíguas de Fassbinder,

fardas verde-água atrasadas para o comboio das dezoito e vinte

– hora de Moscovo –,

os pravadniks apressando o embarque para Nijni Novgorod,

os cilindros de fumo dos cigarros cumprindo o seu destino vertical,

a babuchka vendendo rissóis de batata em baldes de plástico por

                                                                           [meia dúzia de copeques,

e pareceu-me ver, pelo meio dessa confusa confusão intimidada,

Isadora Duncan dançando em redor do velho Iessenine

entretido na cerimónia de pôr a sua melhor gravata ao pescoço de

                                                                                          [um cão vadio.

Talvez tenhas razão, Blaise,

talvez a Patagónia convenha mais à minha imensa tristeza,

mas agora vou a caminho da Sibéria, a capital do Reino dos

                                                                                           [Taciturnos,

atrás de uma voz distante que encontrei à boleia

numa curva apertada da estrada das recordações

e que não sei ao certo de quem é

estouàesperaestouàesperaestouàesperaestouàespera

ao ritmo insubmisso dos tirantes

mil quinhentos e trinta e quatro quilómetros

de Konsomolskaia às seis igrejas de Khungur,

mil setecentos e setenta e sete quilómetros

de Konsomolskaia ao obelisco branco da Ásia,

mil oitocentos e treze quilómetros

de Konsomolskaia aos Velhos Crentes de Ekaterinburg,

a Lua parada, silenciosa testemunha,

o uivo cromossomático dos coiotes nos subúrbios,

o suspiro prolongado da maquinaria esgotada de cansaços,

mil oitocentos e treze quilómetros

entre Konsomolskaia e a  morte inequívoca do Bebedor de Sangue

a família estudadamente disposta para a posteridade dos tiros,

mil oitocentos e treze quilómetros

com a hemofilia estratégica na fila da frente à direita do pai

e a testemunha lunar em quarto minguante

pum-pum-pum-rá-tá-tá-tátá-pum-pum-pum-rá-tá-tá-tá

gotas de chuva na janela como rapsodos de rua

incapazes de fugir dos labirintos das suas canções sem sentido

e a voz

estouàesperaestouàesperaestouàesperaestouàespera

ao ritmo insubmisso dos tirantes

e dos acordãos transfigurados de Borodine.

Talvez tenhas razão, Blaise,

talvez seja a Patagónia que me convém

e talvez seja para lá que me conduz a minha transumância,

dois mil e setenta e oito quilómetros depois de Konsomolskaia. (...)"

 

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11
Jul07

Autógrafos - Egito Gonçalves

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Egito Gonçalves (1920-2001), Os Pássaros Mudam no Outono (1981)

Capa de Armando Alves (n. 1935)

 

 

Egito Gonçalves (1920-2001)

   Poeta e tradutor, Egito Gonçalves seguiu uma tradição de vivência escandinava anteriormente experimentada pelo escritor José Gomes Ferreira (1900-1985, com estadia na Noruega) e pelo pintor e ensaísta Lima de Freitas (1927-1998, com estadia na Dinamarca), entre outros. 

   Essa vivência que, no seu caso, decorreu na Finlândia, reflecte-se de algum modo na sua obra poética, a qual conjuga uma preocupação social com uma profunda introspecção e depuração das imagens do mundo exterior. A esta característica junta-se uma pontual visão irónica da realidade,  a qual por vezes se aproxima paradoxalmente quer do sarcasmo quer do desalento.

   A sua actividade estendeu-se também à área editorial e à promoção do associativismo cultural, particularmente na zona do Porto, onde residia.

   Do livro Os Pássaros Mudam no Outono, transcreve-se o quinto poema de As Zonas Quentes do Inverno: 

  

"Há coisas que se quedam para sempre, coisas

em que o poema se alicerça: esse

rectângulo vermelho no alto da montanha;

ritual de pinheiros

num chão de xisto e urze onde buscávamos

a pureza

ou o sentimento dela: desafio

e comunhão na renda vegetal. Escolhemos

essa manta entre o céu e a água, manhã

e crepúsculo, onde só pássaros

chegavam

pelo silêncio do abraço,

equador de terras no ventre do sol. Agora

procuro na palavra a imitação do gesto,

a tradução da carícia: como dizer

um tal momento sem escolha? O breve minuto

em que a vida lança o vestido pela cabeça

e o esquece nas pedras. Tão pobre

afirmar que a eira vermelha parecia suspensa,

a colheita fazia-se

entre dobras de luz, rápidos zumbidos..."

 

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21
Mai07

Transforma-se o Amador na Cousa Amada

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Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma está liada.

Mas esta linda e pura semideia,
Que, como o acidente em seu sujeito,
Assim com a alma minha se conforma,

Está no pensamento como ideia; 
E o vivo e puro amor de que sou feito,
Como a matéria simples busca a forma.

 

Luís de Camões (c. 1524-1580)

 

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21
Mai07

Detalhes

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Detalhes do Palácio da Regaleira, em Sintra.

 

   "Álvaro Góis,

    Rui Mamede,

    filhos de António Brandão,

    pedreiros de profissão,

    de sombrias cataduras

    como bisontes lendários,

    modelam ternas figuras

    na brutidão dos calcários."

    (...)

   "Fixando a pedra, mirando-a,

    quanto mais o olhar se educa,

    mais se entende o truca... truca...

    que enche a nave, transbordando-a,

    truca, truca, truca, truca,

    truca, truca, truca, truca."

 

   Excerto do Poema de Pedra Lioz, de António Gedeão

   (pseudónimo de Rómulo de Carvalho, 1906-1997)

 

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04
Mai07

Lianor, Leonoreta...

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POEMA DA AUTO-ESTRADA

  

Voando vai para a praia

Leonor na estrada preta.

Vai na brasa, de lambreta.

 

Leva calções de pirata,

vermelho de alizarina,

modelando a coxa fina

de impaciente nervura.

Como guache lustroso,

amarelo de indantreno,

blusinha de terileno

desfraldada na cintura.

  

Fuge, fuge, Leonoreta.

Vai na brasa, de lambreta.

 

Agarrada ao companheiro

na volúpia da escapada

pincha no banco traseiro

em cada volta da estrada.

Grita de medo fingido,

que o receio não é com ela,

mas por amor e cautela

abraça-o pela cintura.

Vai ditosa, e bem segura.

  

Como um rasgão na paisagem

corta a lambreta afiada,

engole as bermas da estrada

e a rumorosa folhagem.

Urrando, estremece a terra,

bramir de rinoceronte,

enfia pelo horizonte

como um punhal que se enterra.

Tudo foge à sua volta,

o céu, as nuvens, as casas,

e com os bramidos que solta

lembra um demónio com asas.

 

Na confusão dos sentidos

já nem percebe, Leonor,

se o que lhe chega aos ouvidos

são ecos de amor perdidos

se os rugidos do motor.

 

Fuge, fuge, Leonoreta.

Vai na brasa, de lambreta.

 

António Gedeão (Rómulo de Carvalho, 1906-1997)

in Máquina de Fogo (1961)

 

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03
Mai07

Lianor

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Photo © samipii
Descalça vai para a fonte
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luís de Camões (c. 1524-1580)

 

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18
Abr07

Autógrafos - António de Sousa

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António de Sousa (1898-1981)

Ilha Deserta (1954)

Capa e desenhos de Manuel Ribeiro de Pavia (1907-1957)

 

 

 

António de Sousa (1898-1981)

   Membro do grupo Presença, António de Sousa colaborou também em revistas como Seara Nova e Vértice. Embora alguma da sua obra se possa inserir no neo-realismo, pela sua poesia perpassa frequentemente o desalento perante o quotidiano, combinando-se com sentimentos de melancolia e desencanto. Uma perspectiva que valoriza muito mais a experiência individual e o aproxima profundamente do movimento presencista.

   Do volume Ilha Deserta, transcrevem-se dois poemas:

  

Carne

Tinham fome um do outro.

Sobre o leito, no escuro, morderam-se como feras.

(Ela tinha as ancas fortes e os seios pequenos;

ele era ágil como convém.)

Depois, nus e calados, esperaram a manhã.

E uma dor inútil beijava-os dos pés à cabeça.

 

 

A Velha Sala

A velha sala sonolenta

cheira a  bordado a missanga,

a flores mortas, a tristeza, a pó.

Cheira a silêncio inútil

e amareladas pontas de cigarros

só fumados até meio.

A traça roi, nas estantes,

livros que já ninguém lê,

livros que ninguém leu até ao fim.

Do piano, se o tocassem,

a música sairia com bolor!

Da velha sala sonolenta

vem qualquer coisa que dá pena

e vontade de fugir!

Oh, a minha alma cheia de saudades!

 

 

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30
Mar07

Um Haikai de Bashô

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Xilogravura de Yoshitora Utagawa (activo entre 1840 e 1880)

  

  haikai é uma composição poética japonesa que pretende sugerir um máximo de sensações através de um mínimo de palavras. Na sua forma clássica, apresenta apenas 17 sílabas, organizadas em terceto, com uma métrica de sete sílabas no segundo verso e de cinco sílabas no primeiro e terceiro versos.

  

Furu ike ya

Kawazu tobikomu

Mizu no oto

 

Matsuô Bashô (1644-1694)

 

 

Ah! o velho poço!

uma rã salta

som da água.

 

Tradução de Armando Martins Janeira (1914-1988)

   

 

Quebrando o silêncio

do charco antigo a rã salta

n'água - ressoar fundo.

 

Tradução de Jorge de Sena (1919-1978)

 

   

Um templo, um tanque musgoso;

Mudez, apenas cortada

Pelo ruído das rãs,

Saltando à água, mais nada...

Tradução de Wenceslau de Moraes (1854-1929)

 

  

Ah! o velho lago

... o baque na água.

Tradução de Paulo Murilo Rocha (publicada em 1970)

  

 

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14
Mar07

Autógrafos - Natália Correia

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Natália Correia (1923-1993)

Sonetos Românticos (1990)

 

 

 

Natália Correia (1923-1993).

   "...Sonetos Românticos: recado amigo de uma alma oculta que aqui floresce à luz da Mãe Radiosa..." Natália Correia, ensaísta, dramaturga, poetisa e parlamentar. Mulher, dos Açores e do mundo. Das suas incursões pelo teatro, salientem-se as peças O Encoberto (1969) e A Pécora (1983). Nítida referência ao anti-sebastianismo num momento crucial para o Estado Novo, a primeira, clara crítica à Igreja, a segunda. A sua poesia percorreu desde o início caminhos que anunciavam o hermetismo simbólico presente na lírica mais tardia. O texto desta dedicatória é disso exemplo, bem como os três sonetos que se transcrevem. Imaginemos Natália à noite, saindo do seu Botequim, uma alma oculta extasiada à luz do luar...

 

Ars Aurifera, III

Medita a rosa se queres ler no soneto

Sábia escritura de divina mão;

Não fátuo verso, luzir de esmaltes feito

Mas sons de imaculada concepção.

Primeiro andor do Verbo é o quarteto

Que leva a coroa para a final unção.

Quatro lumes dê mais o Paracleto

E de almo sol sai a coroação.

Alto segredo ultima esta verdade:

Acendidas as tochas da Trindade

Reincide o terceto até que vês

Por catorze degraus que ao plectro exigem

Desagravos do Verbo, ao cimo a origem

Do soneto. São contas que deus fez.

 

o Espírito

Nada a fazer, amor, eu sou do bando

Impermanente das aves friorentas;

E nos galhos dos anos desbotando

Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?

À vida breve não perguntes: cruentas

Rugas me humilham. Não mais em estilo brando

Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera

Quem na amada o conjura. Além, mais alto,

Em ileso beiral, aí me espera:

Andorinha indemne ao sobressalto

Do tempo, núncia de perene primavera.

Confia. Eu sou romântica. Não falto.

 

Poesia: Ó Véspera do Prodígio!

Creio nos anjos que andam pelo mundo,

Creio na Deusa com olhos de diamante,

Creio em amores lunares com piano ao fundo,

Creio nas lendas, nas fadas, nos atlantes,

Creio num engenho que falta mais fecundo

De harmonizar as partes dissonantes,

Creio que tudo é eterno num segundo,

Creio num céu futuro que houve dantes,

Creio nos deuses de um astral mais puro,

Na flor humilde que se encosta ao muro,

Creio na carne que enfeitiça o além,

Creio no incrível, nas coisas assombrosas,

Na ocupação do mundo pelas rosas,

Creio que o Amor tem asas de ouro. Ámen.

 

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27
Fev07

Uma Ode de Ricardo Reis

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Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio
 

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio. 
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos 
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.  
        (Enlacemos as mãos.)  

 

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida 
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa, 
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,  
        Mais longe que os deuses.  

 

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos. 
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio. 
Mais vale saber passar silenciosamente 
        E sem desassossegos grandes.  

 

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz, 
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos, 
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
        E sempre iria ter ao mar. 

 

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos, 
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias, 
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro 
        Ouvindo correr o rio e vendo-o.  

 

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as 
No colo, e que o seu perfume suavize o momento - 
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada, 
        Pagãos inocentes da decadência.

  

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois 
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova, 
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos 
        Nem fomos mais do que crianças.  

 

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio, 
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti. 
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio, 
        Pagã triste e com flores no regaço. 

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