Ema Berta (n. 1944), Sem Título (1992), detalhe.
E o Caos desenvolveu-se, e o Caos envolveu toda a matéria, e o Caos envolveu o próprio Caos. O silêncio ocupou todo o espaço, e a paz dispersou-se neste silêncio final.
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Ema Berta (n. 1944), Sem Título (1992), detalhe.
Odin gritou então num misto de cólera humana e ira divina: "Ah, amaldiçoados sejamos nós, deuses, pela presunção que arrastamos em Asgard e Midgard! Amaldiçoados sejam aqueles que se submeteram a tais deuses... E vós, Lif e Liftrasir, vós que sobrevivereis ao caos final e criareis uma nova raça, criai-a sem deuses! Livrai a vossa raça de tal danação. Agora... que o caos final nos envolva!"
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Hugin e Munin regressaram quando os deuses se encontravam reunidos no Valhala com os heróis mortos em combate. Todos se preparavam para o confronto final, que sabiam de antemão perdido, quando Hugin se dirigiu a Odin dizendo: "Senhor, procurámos em toda Midgard a semente do ódio, mas não a encontrámos, pois isso era impossível... Senhor, tal semente encontra-se em Asgard, entre os deuses. Loki, que se desloca livremente entre vós, com o vosso consentimento, é a semente de todo este Mal."
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Odin sempre fora esclarecido, sempre gostara de obter todo o conhecimento que estava ao seu alcance, e assim, mesmo com o caos a avançar ameaçadoramente, ordenou a Hugin e a Munin: "Vós, que sois o meu pensamento e a minha memória, deveis descer até Midgard e procurar entre os humanos a semente deste ódio devastador. Procurai em terra e no mar, procurai entre os vivos e os mortos, e se necessário procurai na própria Árvore da Vida. Ide."
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Heimdall, o guardião de Bifrost, assistiu surpreso e impotente à invasão da sua Ponte do Arco-Íris pela horda confusa de Valquírias e guerreiros, que regressavam de Midgard. Todos se encaminhavam desordenadamente para Asgard, com uma excitação que evidenciava algo de apavorante e incomum. O grande guardião de toda Asgard não recebeu a mínima saudação durante a passagem das Valquírias, mas notou que todas apresentavam expressões enérgicas e decididas. Notou também o brilho estranho que emanava dos seus olhos... e para Heimdall esse brilho só podia significar uma coisa – aqueles olhos tinham presenciado o início do fim.
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As Valquírias vagueavam ainda pelos campos de batalha terrenos, fazendo a escolha dos heróis que mereciam ascender ao Valhala, quando a onda maléfica surgiu e iniciou o aniquilamento de todos os seres viventes. Valquírias e guerreiros haviam já fixado instintivamente o olhar no horizonte, mas ficaram paralisados quando as forças sobrenaturais estenderam o extermínio a toda a matéria que circundava deusas e homens. Nesse instante, todos foram invadidos pelo medo. Medo! Algo que nunca haviam sentido até ali!... Então, todos compreenderam que se aproximava a hora do confronto final.
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Odin sabia que aquele momento estava anunciado desde o início dos tempos, mas não acreditou quando Hugin e Munin, os seus dois fiéis corvos, lhe trouxeram notícias da disseminação do Mal entre os humanos... Odin tinha-se preparado através da eternidade para o derradeiro confronto entre o Bem e o Mal, mas o aparecimento de Ragnarök, o dia da maldição, teve para ele o mesmo sabor que aos ignorantes é concedido – o sabor do estranho e do surpreendente.
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